Quando nos expomos publicamente sabemos que estamos sujeitos às mais diferentes opiniões, mas esse é um risco calculado. Vem isto a propósito da crónica anterior, “ A hora da mudança”, onde esgrimia argumentos sobre as vantagens dos militantes do Partido Socialista - que irão escolher os novos dirigentes federativos durante este mês de Outubro -, em não encherem um balão que já não sobe. Esperava algumas reacções, mas não podia imaginar que algumas pessoas identificadas com a “candidatura do aparelho”, tivessem tão mau humor e tão pouca tolerância intelectual. Eu posso tentar compreender o que eles sentiram, aliás, os carrascos de Garcia Lorca não o mataram porque ele era um guerrilheiro perigoso, mas porque as suas palavras faziam dele o Aquiles anti-franquista mais indesejável. Apesar deste paralelismo exagerado, serve para lembrar que as palavras podem ser usadas como argumento galáctico onde as fronteiras são semânticas. Os “soldadinhos” do voto não aceitam que o seu quintal seja visitado por aves intrusas, não aceitam a crítica e a diferença de opinião, são os mesmos que têm levado o andor qualquer que seja o padroeiro, são os mesmos que recorrem ao insulto fácil e à ameaça psicológica. Assim, a política partidária é uma escola de poucas virtudes e muitos vícios, é uma oportunidade perdida para educar as organizações de jovens que estão cada vez mais arredadas da participação cívica e, principalmente, dos partidos. Confesso que me questiono se vale a pena militar no Partido Socialista, em Coimbra. E a resposta é inequívoca: Vale a pena! Se for para mudar as pessoas que não querem mudar o PS.
Não me sinto incomodado com a crítica, mas com a cobardia dos argumentos daqueles que ousam manter tudo na mesma, para poderem levar o andor e ficarem com a bola, mesmo que isso signifique a solidão e o autismo político.
Não tinha pensado voltar a este tema das eleições do PS, mas faço-o, porque me sinto um livre pensador, não hipotecado a qualquer clube de bairro ou de sindicato de voto, porque assumo em consciência as minhas opções políticas e pessoais, porque valho por aquilo sou e não porque vou tomar café ou jantar com este ou aquele. Muitos militantes do PS telefonaram-me a elogiarem a crónica, “A hora da mudança”, mas com um pedido inquietante: não digas a ninguém que te telefonei. Há uma atmosfera ameaçadora que tenta silenciar as vozes desalinhadas com a “candidatura do aparelho”. Será nervosismo ou insegurança? Talvez as duas coisas. É insegurança porque há a percepção da revolta silenciosa dos militantes e a consequente penalização com o voto. É nervosismo, ou melhor, ansiedade porque a leitura antecipada dos seus argumentos tem sido sistematicamente posta em causa. Os dias que se seguem vão ser decisivos, os dias derradeiros de campanha vão servir para confirmarmos que só é possível mudar o PS, em Coimbra, se mudarmos as pessoas, se formos capazes de apresentar argumentos credibilizantes e sem receios de rupturas clarificadoras. Não é possível continuarmos a aceitar a lei da rolha, do medo, do embuste, do faz de conta, do silêncio cúmplice. Não adiante soprar para um balão que já não sobe, que já não nos permite sonhar, que já não nos motiva, que já não nos empolga, que já não tem sentido. Não adianta soprar para um balão que gastou a novidade e a convicção.
Dedico este artigo aos “críticos” que ainda não leram “Sobre a verdade e a mentira”, de Nietzsche.
António Vilhena
Não me sinto incomodado com a crítica, mas com a cobardia dos argumentos daqueles que ousam manter tudo na mesma, para poderem levar o andor e ficarem com a bola, mesmo que isso signifique a solidão e o autismo político.
Não tinha pensado voltar a este tema das eleições do PS, mas faço-o, porque me sinto um livre pensador, não hipotecado a qualquer clube de bairro ou de sindicato de voto, porque assumo em consciência as minhas opções políticas e pessoais, porque valho por aquilo sou e não porque vou tomar café ou jantar com este ou aquele. Muitos militantes do PS telefonaram-me a elogiarem a crónica, “A hora da mudança”, mas com um pedido inquietante: não digas a ninguém que te telefonei. Há uma atmosfera ameaçadora que tenta silenciar as vozes desalinhadas com a “candidatura do aparelho”. Será nervosismo ou insegurança? Talvez as duas coisas. É insegurança porque há a percepção da revolta silenciosa dos militantes e a consequente penalização com o voto. É nervosismo, ou melhor, ansiedade porque a leitura antecipada dos seus argumentos tem sido sistematicamente posta em causa. Os dias que se seguem vão ser decisivos, os dias derradeiros de campanha vão servir para confirmarmos que só é possível mudar o PS, em Coimbra, se mudarmos as pessoas, se formos capazes de apresentar argumentos credibilizantes e sem receios de rupturas clarificadoras. Não é possível continuarmos a aceitar a lei da rolha, do medo, do embuste, do faz de conta, do silêncio cúmplice. Não adiante soprar para um balão que já não sobe, que já não nos permite sonhar, que já não nos motiva, que já não nos empolga, que já não tem sentido. Não adianta soprar para um balão que gastou a novidade e a convicção.
Dedico este artigo aos “críticos” que ainda não leram “Sobre a verdade e a mentira”, de Nietzsche.
António Vilhena
Artigo publicado no Diário de Coimbra - 09/10/2008
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