domingo, 29 de junho de 2008

A mudança que urge


O que ontem se perfilava ameaçador face à mutações civilizacionais e, daí, a urgência no reposicionamento político capaz de lhe dar enquadramento, hoje, tornou-se inadiável que não descoramos as respostas aos desafios que aí emergem.
O mundo mudou e mantém-se em fase acelerada de alteração e, como consequência, nestes tempos mais recentes, como que desabou sobre nós todos.
O Governo da Nação quis evitar a hecatombe e avançou com o choque tecnológico, mas este apenas no imediato, consegue atenuar os efeitos dos outros choques em presença: o ambiental, o energético e o alimentar.
Ou somos capazes de entender que estes aconteceres não são passageiros, vieram para ficar e é com eles em presença que nos compete encontrar as soluções, ou, se não o fizermos, sujeitamo-nos a um choque humanitário, se não mesmo a um choque civilizacional.
O económico, universalmente consagrado, dada a falência de todos os outros sistemas alternativos em que assentavam, globalizou-se e face a este acontecer os sábios pereceram, os novos filósofos tornaram-se reis e estes, quando detentores do poder eliminaram os filósofos emergentes. Só nos resta que os políticos na idade moderna não suprimam os peritos, os cientistas e os técnicos e com eles sejam capazes de regular de forma sustentada a globalização.
É que assim, tal e qual como está, os grupos de interesses tomam conta das comunidades e de desigualdades sociais acentuam-se até à exaustão, provocando rupturas de consequências, já hoje, mais que previsíveis.
Chegou a hora! Num tempo em que a actividade política se desacredita a nível geral, vale a pena vir a terreiro apelar à importância da mesma na procura de soluções e de intervenções. Mas, para que tal chamamento tenha audição e seja suficientemente mobilizador é preciso fazer regressar a política à sua condição de governação dos povos.
Enquanto isso, porque a incredulidade é grande, torna-se exigente que os agentes políticos e partidários sejam exemplo de servidores de causas políticas e não de representantes de interesses. Para tal, nada melhor que aos olhos dos cidadãos, o responsável político seja visto como alguém, que mesmo quando no exercício do poder, se mantenha descomprometido com esse mesmo poder.
A nós, que desde a feitura da Constituição da República, em que participámos, não se me tem oferecido outra atitude que não seja a do estudo das coisas e da observação das pessoas, tornou-se fácil concluir que com mais do mesmo não saímos da cepa torta.
Neste início de ciclo, à juventude é-lhes oferecido um empolgante desafio – o de assumirem um projecto de inovadora ambição, onde possa conciliar-se os valores da chamada autonomia de responsabilidade individual com os valores da solidariedade, tornando esta o mais belo valor da humanidade.
É de juventude que o mundo precisa, mas, diz-nos a experiência, que ser-se jovem dá imenso trabalho.
Somos militantes do Partido Socialista desde sempre e é nessa condição que me aprestei para apoiar a candidatura de Mário Ruivo a presidente da Federação Distrital do PS. Fi-lo porque a mudança urge, e a mudança só é possível com novas ideias e novos protagonistas.
Não se pode mais ficar expectante se se quer mudar o mundo. O PS em Coimbra foi aquela grande referência que a nível local, regional e nacional foi marcante na implementação da vida democrática e na transformação progressiva da sociedade, não é aceitável, agora que os desafios são determinantes nas transformações que se apressam, que os socialistas, em Coimbra, não saibam ser os protagonistas de Novas Causas para o Distrito.
Manuel da Costa (*)
(*) - Coordenador da Comissão de Candidatura de Mário Ruivo
Publicado no Diário de Coimbra a 25/06/2008

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