A história do movimento sindical pós 25 de Abril, tem sido fértil em peripécias múltiplas e variadas que acompanhando os fluxos e refluxos ideológicos têm fragilizado o sindicalismo português e a intervenção sectorial dos sindicatos.
Depois de ultrapassada a grande celeuma de natureza ideológica vivida em Portugal nos finais da década de 70 relativa à Unicidade e Unidade Sindical, observa-se uma rápida multiplicação de sindicatos e associações sindicais, que quer ligadas ou não às centrais sindicais, procuram dar respostas a problemas específicos dos trabalhadores que representam.
Paralelamente, a progressiva orientação partidária dos sindicatos e utilização destes como muletas das lutas partidárias, às vezes actuando como meras correias de transmissão daqueles, não tem favorecido a autonomia que deveria caracterizar o movimento sindical.
A progressiva desidentificação dos seus objectivos, o descrédito e a ambiguidade de intervenção, a dilatação da burocracia sindical e a profissionalização dos dirigentes sindicais, o alargamento muitas vezes conjuntural e nem sempre explicado dos segmentos profissionais que representam, são causas endógenas ao próprio movimento sindical e aos sindicatos e que fundamentam a dessindicalização e desmobilização dos filiados, assim como retraem a inserção de novos associados. A desmobilização progressiva que se torna notada nos inícios da década de 90 é hoje uma realidade que atravessa todos sindicatos.
Não menos importante é declínio do Walfare State, no espaço europeu. De facto, os modelos económicos e sociais que após a II Grande Guerra permitiram na Europa que os sindicatos e o movimento sindical em geral fosse aceite como interlocutor fundamental na construção do bem-estar das populações, entraram há muito em regressão. A crise do Walfare State, não mais representa que a alteração da postura do capital e da economia perante o trabalho, representando o seu o enfraquecimento o predomínio progressivo do capital sobre o trabalho, agora numa dimensão universal carreada por toda a tecnologia, já em acelerado desenvolvimento.
No mesmo alinhamento das transformações em curso é legitimo demandar se as estruturas que se criaram a partir das lutas em torno da industrialização do século XIX, poderão ainda desempenhar algum papel na economia do século XXI ou se pelo contrario é óbvia a emergência do novo sindicalismo com caminhos renovados de acção e sindical, assumindo e reivindicandoo lugar de parceiro estratégico no desenho e promoção de projecto de sociedade e bem assim na procura de soluções para as demandas e preocupações de cidadania.
António Amaro
A candidatura de Mário Ruivo à Presidência da Federação Distrital de Coimbra do PS, promove uma conferência sobre o tema "Emprego e Sindicalismo", inserido no ciclo de conferências "Novas Causas para Distrito Coimbra", amanhã, terça-feira, dia 13 de Maio, pelas 18h30, no café Santa Cruz em Coimbra, com Carvalho da Silva, Elísio Estanque, Casimiro Ferreira e Jorge Leite, com moderação de António Amaro.
É o movimento sindical independente dos partidos políticos?
Respondem os sindicatos às expectativas dos trabalhadores? Qual razão do aparecimento de movimentos sociais à margem dos sindicatos?
Contamos com a sua presença.
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