quarta-feira, 9 de abril de 2008

Um PS diferente para Coimbra


Perante o ‘estado da arte’ do Partido Socialista de Coimbra, quer no distrito quer no concelho, o que é verdadeiramente prioritário é substituir as actuais equipas dirigentes, em ambos os casos.

Em especial para aqueles que, como eu, se recusam a aceitar que a política partidária se resuma aos habituais golpes, jogos de poder, interesses individuais de alguns, promessas de benesses e de empregos, controle dos votos desta ou daquela secção, arregimentações, dependências pessoais, carreirismo, etc, etc, que toda esta lógica gera no partido, importa exigir e trabalhar no sentido de o partido voltar a ser um partido político no verdadeiro sentido da palavra. Um partido que deixe de envergonhar os seus militantes; um partido em que todos os militantes sejam envolvidos na acção política, em que se discuta política e onde se trabalhe para aprofundar a consciência cidadã e promover o desenvolvimento social; um partido que recuse o oportunismo e que combata abertamente a corrupção (tanto a nível do país como a nível local, tanto a corrupção material e criminosa como a corrupção moral dos valores e da ética política); um partido que recupere e ponha em prática os seus princípios doutrinários e ideológicos originais, segundo a tradição socialista e republicana; enfim, um partido que, no caso de Coimbra, consiga recuperar para a cidade e a região o estatuto e o protagonismo que têm perdido nos últimos anos, e que as actuais lideranças do PS só têm ajudado a degradar ainda mais. Lideranças estas que, osbtinadamente, não sabem retirar as consequências políticas nem das derrotas eleitorais nem do clamoroso estado ‘comatoso’ em que se tornou a actividade partidária. Insistem em permanecer no centro quando deviam sair de cena.

Há, no meio de tudo isto pessoas competentes e bem intencionadas, com dignidade e honestidade pessoais que, no entanto, se deixam enredar nas lógicas aparelhisticas instaladas – ou lhes fazem gritantes concessões –, porventura julgando ser esse o único caminho para ganhar espaço e preparar uma mudança a prazo, ou simplesmente para assegurarem o seu futuro. Não me parece ser essa a melhor opção. As estratégias de ascensão pessoal fundadas no calculismo tacticista corroem o partido e acabam por legitimar o oportunismo. Há momentos em que é preciso assumir rupturas com o status quo e este é um deles.

No caso da concelhia, apesar dos nomes sonantes e do peso de alguma hierarquia que apoiam o candidato do sistema (Henrique Fernandes) isso não significa, em minha opinião, razão suficiente para lhe dar credibilidade ou que o tornem capaz de protagonizar qualquer mudança efectiva no PS local (antes pelo contrário). E quanto à distrital, onde a candidatura “oficial” representa mais do mesmo, o candidato (Victor Baptista) que antes de ser já era..., está tudo dito.

Seria muito importante que aqueles que têm ambição e vontade de se assumir como possíveis actores de um PS renovado e de futuro (mas fiel a si mesmo), designadamente os militantes mais jovens, soubessem perceber o momento em que as concessões a que me referi podem hipotecar esse futuro em vez de lhe abrirem novos caminhos e horizontes.

Por estas razões, a minha opção está tomada: votarei Carlos Cidade para a concelhia do PS e em Mário Ruivo para a distrital. Porque acredito que, por serem pessoas credíveis e que vêm de fora da lógica instalada têm condições para abrir o PS, torná-lo mais credível, mais transparente e mais empenhado no enorme trabalho de recolocar o partido, e com ele a cidade e o distrito, na posição cimeira que já ocuparam.


Publicada por Elísio Estanque em BoaSociedade.

Sem comentários: